“O futebol contraria a lógica”. Nunca foram
ditas palavras mais sábias. Na noite deste sábado em Munique, tarde no
horário brasileiro, Bayern e Chelsea entraram em campo para disputar a
final da temporada 11/12 da UEFA
Champions League. O Bayern abriu o placar no segundo tempo, aos
38 minutos, com Thomas Müller, e quando tudo se encaminhava para uma
vitória da equipe alemã, que dominou a partida durante sua
totalidade, Didier Drogba empatou o jogo aos 43 minutos, conduzindo
a partida para a prorrogação, que terminaria sem
gols, porque Cech defendeu pênalti de Robben
na primeira parte do tempo extra.
Nas penalidades, o Bayern chegou a estar com boa vantagem, graças a uma
defesa do goleiro Neuer, mas Schweinsteiger, que fez uma
grande partida, perderia um pênalti, acertando a trave. Antes
disso, Cech já havia defendido pênalti cobrado por Olic. A decisão do
título estaria nas mãos (ou pés) de um gigante, Didier Drogba, que
não desperdiçou, garantindo a vitória por 4 a 3.
Com muita luta, o Chelsea é campeão da Liga dos Campeões da Europa nessa
temporada. Um time desacreditado, que quase foi eliminado pelo Napoli nas
oitavas, e tirou uma
desvantagem de dois gols para se classificar. Encarou o
Barcelona na semifinal, e passou pelo melhor time do mundo com
uma postura aguerrida. A história estava escrita. Roberto Di Matteo, que
assumiu esse time numa temporada que tinha tudo para ser desastrosa,
conquista dois títulos num curto espaço (conquistou também a Copa da
Inglaterra), levando o time à conquista perseguida há muito tempo. Enfim,
o projeto do dono Roman Abramovich deu resultado.
Detalhando o jogo
Vários desfalques dos dois lados. Di Matteo surpreendeu no onze inicial do
Chelsea. Ryan Bertrand, jovem lateral de 22 anos que havia jogado apenas 6
vezes na temporada, iniciou a partida como o homem da ponta esquerda no esquema
4-2-3-1, visando auxiliar a marcação por aquele lado, onde Arjen Robben já
deitou e rolou em várias oportunidades. Na zaga inglesa, o brasileiro David
Luiz estava de volta após lesão, na ausência do capitão John Terry, expulso na
semifinal contra o Barcelona. Na lateral direita, a presença do português
Bosingwa, porque Ivanovic estava suspenso. No setor ofensivo, Kalou aberto pela
direita, porque Ramires e Raul Meireles ficaram de fora também por acúmulo de
cartões.
O Bayern também foi obrigado a mexer. Jupp Heynckes optou por iniciar
com Tymoshchuk na zaga, na vaga deixada pelo suspenso Badstuber, e com
Contento na lateral esquerda, na vaga do também suspenso Alaba, preterindo a
entrada do brasileiro Rafinha. Na vaga do brasileiro Luiz Gustavo, outro
suspenso, Thomas Müller foi o titular, recuando Toni Kroos para a função de
volante.
Se as dúvidas sobre as escalações já haviam sido esclarecidas, a outra só
poderia ser quando a bola rolasse. Se o Bayern jogaria como já é tradicional,
restava saber como o Chelsea se comportaria em campo. Se jogaria retrancado,
como nos confrontos contra o Barcelona, ou se sairia um pouco mais para o
jogo.
O Chelsea veio com postura diferente, como era de se esperar, mas nada de
ofensividade. O Bayern tentou dominar as açoes do jogo desde o
início. Aos 4 minutos, duas oportunidades. A primeira, num chute desviado
de Schweinsteiger. A segunda, numa finalizacão de Kroos, de fora da área,
que passou à esquerda. Depois que o Chelsea buscou saídas, o time bávaro
voltou a incomodar em contragolpes, mas Arjen Robben finalizou mal aos 7
minutos. Rapidamente se formou o "paredão azul" para tentar
conter as ofensivas do Bayern.
O jogo era esse: a equipe alemã com a iniciativa das jogadas, e o Chelsea se
defendendo eficientemente e com muita gente. Após várias tentativas sem
muito perigo, o Bayern quase marcou aos 21 minutos, quando Arjen Robben
finalizou forte, de dentro da área, e Cech evitou o gol. Se o Chelsea dava suas
saídas esporádicas, elas pararam de acontecer, com o domínio do
jogo pela equipe bávara que se movimentava muito para confundir a
defesa dos Blues. O Chelsea de hoje se equiparou àquele que enfrentou o
Barcelona. O time inglês se defendia ferrenhamente, e não chutava a gol. Nem
uma finalização certa sequer. Isso poderia ter sido resolvido
aos 33 minutos, quando Mata teve falta perigosa a cobrar, mas ele
chutou por cima.
Aos 35, o Bayern voltou a chegar com perigo, quando Thomas Müller
aproveitou cruzamento de Contento e finalizou de primeira, vendo a
bola passar à direita do gol inglês. O jogo ficou aberto por um
momento, com o Chelsea conseguindo chegar trocando bons passes. Em boa
trama que iniciou com Lampard no campo defensivo, a bola chegou a Kalou na
direita, e o marfinense finalizou para a defesa de Neuer. Enfim,
uma finalização no gol. O meio-campo do Bayern dava muito espaço
e, com o Chelsea saindo, a equipe alemã também começou a encontrar
mais espaco na defensiva inglesa. O jogo ficou veloz ao término
do primeiro tempo, mas nada de gols. O Bayern criou mais, teve mais
posse de bola (60 a 40%), mas só chutou duas vezes no gol, de 13 tentadas.
Chelsea chutou 2 vezes, 1 no gol.
A partida reiniciou da mesma maneira, no mesmo ritmo. Com 5 minutos,
Drogba tentou surpreender e Neuer finalizando de fora da área, mas errou o
alvo. Três minutos depois, o Bayern marcou com Ribéry, mas ele estava impedido,
após chute de Robben desviado por Cole.
O Bayern era insistente. Exaustivamente seguia em busca do resultado durante
todo o tempo, povoando o campo do Chelsea com todos os seus jogadores. O
adversário azul fazia o contrário, com todos os atletas auxiliando
na marcação, postura idêntica àquela da semifinal. Aos 26
minutos, sem conseguir penetrar, a equipe bávara tentou marcar
finalizando de fora da área, e o chute de Robben encontrou as luvas de Cech. Um
minuto depois, o Chelsea mostrou que também poderia vencer. Em contragolpe
rápido, Drogba recebeu a bola no setor esquerdo e cruzou para a área. Não
fosse a intervenção da zaga, a bola encontraria Kalou livre para
empurrar.
Após o lance, Malouda entrou na vaga de Bertrand, o que poderia significar
um pouco mais de ofensividade pelo setor de meio-campo, no lado
esquerdo. Mas a primeira coisa que Malouda fez no jogo foi cometer um
erro, que quase deu o gol a Ribéry, aos 30 minutos, num chute desviado que
quase encobriu o goleiro Cech. Aos 32 minutos, Müller perdeu mais um gol
em oportunidade incrível, após contragolpe bem puxado. Dentro da área, o
jovem alemão perdeu o equilíbrio e finalizou torto. Aos 36, Müller tentou
novamente, mas seu cabeceio foi defendido por Cech. Na terceira vez, não
teve jeito. Aos 38 minutos, outro cruzamento vindo da
esquerda passou por Mario Gómez e encontrou Thomas Müller, que
cabeceou para o gol e abriu o placar para o Bayern.
A festa estava pronta. O Bayern abriu o placar no fim
da partida, e encontrou do outro lado um Chelsea que pouco incomodou
ao longo do jogo. Mas se as coisas fossem tão óbvias assim, não poderia
ser futebol. Aos 43 minutos, após cobrança de escanteio vinda da
direita com Juan Mata, Drogba se antecipou e cabeceou para o gol.
empatando o jogo.
Veio a prorrogação e Drogba, que foi o ídolo do tempo
normal, poderia ter se transformado em vilão, ao cometer penalidade por
trás em Ribéry, no terceiro minuto da prorrogação. Drogba derrubou Ribéry e
recebeu o amarelo. Na cobrança, Robben bateu muito mal e Cech defendeu.
O Bayern alterou seu time em campo. Van Buyten substituiu Müller e Tymoshchuk
foi jogar no meio-campo, enquanto Ribéry saiu para a entrada de Olic. A
equipe bávara já não tinha aquele domínio de outrora. Os dois times comecaram a
sentir o jogo, fisicamente falando. O primeiro tempo do prolongamento
manteve o jogo como estava.
No segundo minuto do segundo tempo da prorrogacão, Olic perdeu gol
incrível, após cruzamento de Lahm. O atacante croata tocou cruzado, e a
bola passou à frente do gol inglês. Gómez não foi na bola. O Bayern voltou
a ser superior, criando muitas oportunidades, sobretudo pela direita, com
Lahm, mas sem fazer o goleiro adversário trabalhar. O campeão seria decidido
nas penalidades.
Lahm foi o primeiro a cobrar para o Bayern, e marcou (1x0). Mata
cobrou o primeiro do Chelsea e foi mal. Neuer defendeu. Mario Gómez bateu
o segundo da equipe alemã e ampliou (2x0). David Luiz cobrou o segundo dos
ingleses e acertou (2x1). Neuer, o goleiro, cobrou o terceiro do Bayern e
também acertou (3x1). Lampard cobrou o terceiro do Chelsea e também fez (3x2).
Na quarta cobrança do Bayern, Cech fez a defesa em chute de Olic
(3x2). Cole empatou para o Chelsea na sequência (3x3). Schweinsteiger
errou o quinto pênalti do Bayern, acertando a trave. A decisão estava
nos pés de Drogba, que cobrou a penalidade e marcou, fechando em 4x3
e comandando a festa na Allianz Arena.