O futebol é uma ilha da fantasia? Em partes sim, em partes
não. Hoje o Cruzeiro demitiu o técnico Marcelo Oliveira e deveria estar feliz,
mas não estou. Fico pensando no dia em que o futebol terá os salários em dia,
em que os treinadores possam ser julgados pelo seu trabalho e não por
resultados em um curto período de tempo, em que as empresas, que são os times,
possam pagar os salários em dia e também seus impostos, se são altos que sejam
questionados, mas que sejam honrados de acordo com a lei. Utopia? Sim! Mas eu
sonho em que a empresa que eu trabalho e que simula um pouco isto acima também
faça isto.
Parando de viajar e voltando ao caso Marcelo Oliveira, o cara tirou o time do Atlético de 2008, que era pior que a equipe rebaixada em 2005, da degola em pleno centenário e foi demitido pelo Kalil no
final do ano achando que o Leão era a saída do time alvinegro. Primeiro erro do
lendário presidente Alexandre Kalil.
Depois assumiu o modesto Coritiba, foi duas vezes
vice-campeão da Copa do Brasil e mereceu o título, pena que não venceu. Fez um
excelente trabalho revelando para o Brasil um tal de Everton Ribeiro. Na sua
passagem pelo Vasco, não podia fazer muita coisa, o navio estava afundando. Eis
que teve uma oportunidade em outro time grande, o Cruzeiro. Sozinho ele não
podia fazer nada, mas a volta do Mineirão, a chegada do diretor de futebol
Alexandre Matos que equalizou a vinda de bons jogadores com uma folha salarial
dentro da realidade do clube ele alcançou nada mais nada menos que dois
Campeonatos Brasileiros de forma incontestável, de certa forma de baixa
qualidade técnica dos outros times, mas o que ele tem a ver com isto? Encontrou
uma boa estrutura e fez com que vários jogadores formassem um belo time, em 2014 ficou no quase de conquistar a segunda tríplice coroa da equipe sendo mais uma
vez vice-campeão da Copa do Brasil.
Sempre fiz questão de mencionar neste texto que ele sozinho
não resolvia nada, tanto no Vasco, tanto no Coritiba e até mesmo no Cruzeiro.
Este ano a diretoria da Raposa vendeu metade do time. Não os condeno por isto.
Como não condenaria se o Galo tivesse que vender algum jogador nesta janela de
transferência no meio do ano. O time precisa de dinheiro para sobreviver como
qualquer empresa e o país está crise, crise esta que o atual bi-campeão
Brasileiro não consegue ter um patrocínio master e continua precisando pagar
suas contas. Mas em um trabalho de remontagem do time, o Cruzeiro pecou nas
suas contratações, talvez o Marcelo também tenha pecado na armação de suas
equipes este ano, mas vamos pensar é muita sacanagem na primeira falta de
resultados demitir um cara que tirou o Atlético do rebaixamento no centenário com
jogadores limitados, fez um excelente trabalho no Coritiba e na primeira chance
com jogadores e estrutura foi bi-campeão Brasileiro. Pois é, na sua primeira falha foi demitido.
Retomo novamente a minha pergunta no início do texto. O
futebol é uma ilha da fantasia? Em partes não, somos cobrado a todo instante
por resultados e não pela nossa competência, temos que tomar decisões que só
saberemos que estarão certas no futuro, estamos sendo julgado a todo instante e
pela vida sofreremos muitas injustiças.
Toda sorte do mundo Marcelo Oliveira, eu, atleticano e grato
pelo que fez ao meu time quando passou por aqui, posso torcer por você de novo
sem dor na consciência nenhuma. A vida é injusta conosco na maioria das vezes,
mas cabe a nos mesmo nos levantar.
Bruno Santana de Souza