6 de set. de 2012

A FARSA DO TROCA-TROCA

De Belo Horizonte.
Por Matheus de Oliveira.

Quando um time de futebol está mal o primeiro a ser cobrado é o treinador. Quando a equipe faz uma boa campanha, os primeiros méritos são dos jogadores. Incoerência, não? Há quem diga que técnico não exerce influência sobre o time e basta escalar os melhores atletas que eles resolvem em campo. É um pensamento sem base, característico dos brasileiros, que em boa parte dos 194 milhões, arrogantemente, sentem-se os maiores entendedores de futebol do mundo.

O chavão de que “treinador vive de resultado” é um dos mais óbvios e verdadeiros do futebol. Demitir um bom técnico é mais fácil do que mandar embora um time inteiro de jogadores ruins, mas não é a opção mais inteligente. A troca de comandante é constante especialmente quando começa o Campeonato Brasileiro. Fruto de planejamento errado dos dirigentes, que na maior cara de pau, ao invés de assumirem parte da culpa, deposita-a no homem que escala o time. A torcida que tanto cobrava, aquieta-se.
Foto: Divulgação
A tática de demitir o técnico no meio da temporada engana muito torcedor que coloca o coração na cabeça e o cérebro no peito. Sai um, entra outro, às vezes de menor capacidade, mas que, com pulso firme, declarações fortes e técnicas de motivação que vão de gritaria no vestiário a filmes e músicas comoventes, acabam teatralizando o futebol e impressionando os próprios jogadores que passam a andar na linha.

Esse tipo de ação, entretanto, costuma não ajudar. Geralmente o técnico substituto é mandado embora poucos meses depois, quando a motivação dos jogadores já não é a mesma. E lá se vai mais um técnico... E lá se vem mais um ciclo idêntico. Sem contar que em meio a um torneio de 38 rodadas em que jogos de competições paralelas são disputados e há pouquíssimo tempo para treinamento durante a semana, não há como ajustar um time.

Trocar de treinador só é válido no “tudo ou nada”, quando o que vier é lucro, como no caso do Fluminense de 2009 salvo do rebaixamento por Cuca quando as chances do Tricolor cair eram de nada menos que 98%. Geralmente apostas na troca de comando não dão certo, porque além do treinador que começou a temporada conhecer melhor o grupo de jogadores, o substituto, como no caso de Joel Santana no Cruzeiro em 2011, pode estar totalmente por fora do que acontece no clube, por falta de interesse.

Entretanto, na maioria das vezes não há Pep Guardiola, José Mourinho ou qualquer técnico do mundo que resolva. Se não há boas peças, não há como fazer uma máquina funcionar por melhor que seja seu operador. No mais, a intenção dos dirigentes é iludir o torcedor e criar esperança de que algo pode dar certo e de que a culpa não é de quem deveria ter planejado.

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