11 de jul. de 2013

COLUNA: COISAS QUE SÓ O FUTEBOL EXPLICA

Por João Vitor Cirilo, para o Boleiros da Arquibancada

O dia era 10 de julho de 2013. Na verdade, já era 11 de julho de 2013. O horário, por volta de meia-noite e vinte. Antes disso, vamos contar toda a história.

Em campo, Atlético Mineiro e Newell's Old Boys. O jogo era no estádio Independência, onde o Galo ainda não perdeu após a reinauguração (e lá se vão 54 partidas como mandante, 38 no Horto). Após perder por 2 a 0 na ida, na Argentina, o caminho na luta pela vaga na inédita final da Libertadores foi um pouco complicado.

O fator motivacional: a mística da arena do Horto.

O início do jogo parecia confirmar que a motivação que tomou conta do torcedor alvinegro durante a semana tinha fundamento: três minutos, o genial Ronaldinho mete bola para Bernard, que não desperdiça. Dali pra frente, o bom e velho sofrimento. Jogadores lesionados, apagão dos refletores, enorme pausa. E um pouco mais de sofrimento, é claro.
Cuca comemora com o questionado Guilherme
Foto: Flickr Atlético Mineiro
Após o benéfico apagão, eis que Cuca olha para seu banco de reservas e promove duas alterações (já havia colocado o atacante Luan no lugar do volante Pierre). Alecsandro e Guilherme entraram nas vagas dos incontestáveis Bernard e Tardelli. Ao contrário dos titulares, Guilherme, sim, volta e meia é muito questionado por boa parte da torcida. Defendido pelo treinador e pelo presidente do clube, teve sua chance. Dominou no peito e finalizou para o gol, quando o relógio marcava 50 minutos da etapa complementar. Gol. Teríamos pênaltis no Horto, graças a Guilherme, que poderia ter ido embora meses atrás, quando a pressão sobre ele parecia forte demais.

Alecsandro, Scocco, Guilherme (ele de novo) e Vergini guardaram as quatro primeiras cobranças. Veio Jô e... perdeu. Desespero no Horto. Mas Casco também errou o dele na sequência. Veio Richarlyson e... perdeu também! Mais aflição. Mas não é que Cruzado também desperdiçaria outro penal?

O roteiro estava escrito. A última cobrança era do R10, maior ídolo recente da história alvinegra. Ele fez. Veio o experiente e bom de bola Maxi Rodríguez pelo lado argentino. Debaixo das traves, outro ídolo recente: Victor. Não teve jeito para os argentinos. A história já estava pronta. O goleiro santo pegou mais um pênalti decisivo, assim como na fatídica partida das quartas contra o Tijuana, e colocou o Galo em sua primeira final de Libertadores.
O goleiro salvador
Foto: Flickr Atlético Mineiro
E quem diria que o Atlético Mineiro, um time que tem em sua história vários momentos infelizes, de dor, onde tudo tendia a dar errado, se classificaria em duas fases consecutivas da maior competição do continente com pênaltis defendidos "na bacia das almas" em jogos muito complicados? E comandado pelo "azarado" Cuca...

E quem apostaria que o gol que devolveu o Galo ao torneio seria marcado pelo criticado Guilherme? Sem falar que Bernard, também já questionado por alguns em um (aparente) momento de despedida do clube, abriu o placar.

Coisas que só o futebol explica. Só ele e seu poder de levantar aqueles que, aparentemente, já estavam caídos.

Mas sabe o que eu não consigo mesmo entender? Como ainda existe gente que não gosta?

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