27 de jul. de 2013

TUDO COMEÇOU COM UMA ÁGUA

A água marcou o início dessa trajetória alvinegra que terminou no título da Copa Libertadores da América de 2013. No dia 03 de fevereiro de 2013, Cruzeiro e Atlético fizeram o clássico que marcou a reabertura do Mineirão em grande estilo. Talvez não para os atleticanos, o clássico que terminou com a vitória do Cruzeiro por 2 a 1, mostrou uma deficiência do novo estádio para o Brasil, a falta de água.

Dez dias depois, com a chegada de Diego Tardelli, o Atlético estava recebendo o São Paulo pela Libertadores, após treze anos sem disputar a competição. Engraçado o tão falado número treze que é o número do Galo no jogo do bicho. Pois bem não bastava só essa coincidência envolvendo o número treze não. O jogo de estreia foi no dia 13 de fevereiro de 2013, o ano que seria do Galo. Dois mil e Galo para os torcedores.
Torcedor exibe copo de água que ele guarda até hoje!

Esse jogo teve o ingrediente que começou toda essa história, á água. Cadeiras do Independência tinham um copinho de água mineral com os seguintes dizeres “aqui tem água” provocando os rivais que se diziam donos do Mineirão.

Mas não seria a única vez que a água seria protagonista nesse jogo contra o São Paulo na primeira rodada do Grupo 3 da competição. Aos 15 minutos, Ronaldinho Gaúcho foi tomar um pouco de água do goleiro Rogério Ceni no atendimento de Pierre, que estava sentindo dores, enquanto Marcos Rocha aguardava para cobrar um simples lateral. Ronaldinho foi malandro, ele esperou adiantado sabendo que lateral não tinha impedimento e recebeu a cobrança de Marcos livre, enquanto Jô invadia a área e abria a estrada para o caminho do título alvinegro. Aquela partida terminou 2 a 1 para o Galo com mais uma assistência de R10.

Fevereiro ainda tinha espaço para mais uma partida histórica.

Jogo válido pela segunda rodada do grupo 3 da Libertadores - AFP PHOTO / Juan Mabromata Fevereiro reservava ainda mais uma partida histórica. No dia 26, os comandados de Cuca foram para a Argentina enfrentar o Arsenal de Sarandí. Um susto já estava reservado para aquele confronto na terra dos nossos hermanos. Noprimeiro minuto Furch abriu o placar para o time argentino.

O Galo contava com um bambino que hoje, vale muito ouro. Bernard mostrou que seria peça chave naquele time na competição e marcou três gols na partida que terminou 5 a 2 para o Galo. O maior resultado de um time brasileiro dentro dos solos argentinos. Pela primeira vez na história também, um jogador brasileiro marcou três gols na terra dos hermanos. Tardelli também marcou seu primeiro gol após seu retorno ao Galo.

Caminho aberto para a classificação.

Depois de duas vitórias, o Galo já estava perto da classificação e tinha caminho aberto para conquistá-la. O time recebeu o The Strongest em casa pela terceira rodada  no dia 07 de março. Os bolivianos deram trabalho, mas Jô e Ronaldinho Gaúcho marcaram os gols da vitória por 2 a 1 que deu os nove pontos em três jogos para o Galo. Nesse jogo R10 quebrou um fantasma de não marcar um gol de pênalti após errar três cobranças seguidas. Duas pelo Galo e uma pela Seleção Brasileira.

Galo vence na altitude e garante classificação

A partida no Horto contra os bolivianos foi uma partida chata. Imagina na altitude. O Galo subiu o morro e foi enfrentar o The Strongest em La Paz. O Galo saiu na frente com Tardelli, sofreu o empate no final do primeiro tempo com Reina. Com sustos e algumas devolvidas de ataque no segundo tempo, Mendez marcou contra e garantiu a quarta vitória do Galo em quatro jogos. Vitória que garantiu a classificação.

Missão agora era ser o melhor da primeira fase

Não existe time bobo na Libertadores isso é fato. O Arsenal que havia perdido por 5 a 2 com o hat-trick de Bernard na segunda rodaad, tinha acabado de empatar com o São Paulo no Morumbi. Isso havia ligado o sinal de alerta para o Galo que não seria fácil enfrentar os argentinos.
Atlético superou o Arsenal no Independência e manteve 100% de aproveitamento na Libertadores - Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Sem Bernard que estava com uma luxação no ombro esquerdo, o Galo foi abrrindo uma fácil vantagem. Jô havia dado uma assistência a Tardelli que marcou o primeiro gol dos alvinegros. O mesmo Jô havia dado uma assistência parecida a Luan que sofreu falta fora da área, mas o juiz assinalou pênalti. R10 cobrou e marcou o segundo gol do Atlético. Na comemoração, Ronaldinho homenageou Tardelli com a metralhadora.

Os primeiros 22 minutos foram avassaladores, porém o Galo sofreria uma nova baixa. O nome do Atlético na primeira fase era Diego Tardelli. O camisa 9 do Galo que havia sentido uma fisgada no jogo anterior contra o Tupi pelo Campeonato Mineiro sentiu a mesma dor novamente e saiu do jogo. Tardelli ficou de fora por três semanas.

Os argentinos diminuíram, porém o Galo foi avassalador no segundo tempo. Com direito a gol de placa de Ronaldinho Gaúcho. Os soldados do Horto repetiram o placar de Sarandí na Argentina e goleou o Arsenal novamente por 5 a 2.

Com baixas, Galo sofre revés no Morumbi.

Sem Tardelli e Bernard, o Galo foi para o Morumbi tentar eliminar o São Paulo. O tricolor jogava o tudo ou nada na competição. O empate e a derrota não interessavam, somente a vitória interessava.

Com o apoio de 50 mil pessoas no Morumbi, o São Paulo venceu por 2 a 0 com gols de Ademilson e Rogério Ceni de pênalti. Confirmado o novo confronto entre os brasileiros nas oitavas de finais, Rogério saiu do jogo afirmando que o São Paulo era o time da fé e Ronaldinho rebateu falando que agora a história era diferente. Que o time alvinegro iria jogar sério.

ATLÉTICO PASSA SUSTO EM TODAS AS FASES. TODAS COM SOFRIMENTO!

São Paulo começa avassalador e Lúcio encaminha eliminação tricolor.
 - AFP PHOTO

Primeira fase acabou, agora a história é outra. Com vantagem de jogar todos os jogos em casa até o final, o Galo foi ao Morumbi novamente enfrentar o São Paulo. Os tricolores estavam mordidos com a declaração de Ronaldinho no último jogo. Com um começo alucinador, Jadson abriu o placar com assistência de Ganso aos 8 minutos.

Ademilson teve várias chances para ampliar para o São Paulo e não conseguiu. O Atlético conhecido por ser o clube mais azarado do Brasil conheceu a tal da sorte. Aos 35 minutos, Lúcio fez dura falta em Bernard e foi expulso.

O Galo cresceu no primeiro tempo e o São Paulo foi castigado, Bernard aos 46 do primeiro tempo, cobrou escanteio na cabeça de Ronaldinho que empatou a partida. No segundo tempo Tardelli marcou contra seu ex-clube e deu números finais em São Paulo. O galo levava 2 a 1 de vantagem para o Horto, seu palco preferido.

Atlético da um show no Horto encantando toda a população sul americana.

Caiu no Horto ta morto! Mais uma história desse bairro estava para ser escrita. Com uma aula de futebol, o Galo goleou o São Paulo por 4 a 1 e mandaram os paulistas embora da competição.

 Em uma noite inspirada, Jô marcou três gols e Tardelli novamente assombrou os torcedores do seu ex-clube. A América inteira já conhecia o Galo, o time que foi o melhor da fase de grupos e simplesmente detonou com um tricampeão da Libertadores e do Mundial.

No final do jogo Ronaldinho deu uma alfinetada nos são paulinos falando que estava se divertindo na competição.

No México, o sofrimento aumentou.

O Atleticano não sabia, mas o sofrimento iria aumentar a cada fase que ele passava. Jogando em gramado sintético, o Galo viu o Tijuana abrir 2 a 0 no placar.

O técnico Cuca não segurou resultado. Ele foi pro tudo ou nada e conseguiu o tudo. Tardelli diminuiu a partida e Luan, no último minuto da partida empatou a partida na terra da Tequila.

Para muitos a semifinal já estava garantida já que os mexicanos conheceriam o famoso palco do Horto. Não foi bem assim...

Pânico no Horto.

Novamente o Horto, o Galo a cada jogo inovou em suas partidas em Belo Horizonte. Com a máxima “Caiu no Horto ta morto”, todos os torcedores foram para o Independência com a máscara do filme “O Pânico” querendo assustar os adversários. Quem ficou em pânico foram os atleticanos.

Riascos era o nome de um cara que a torcida teria pesadelos. Aos 25 minutos o mexicano abriu o placar no Horto que ficou em choque. Nas bolas aéreas, o Atlético chegou ao empate com Réver.

Foi a partida mais dura de todas segundo os atleticanos. O Tijuana chegava para finalizar a partida em diversas oportunidades no segundo tempo e o atleticano estava em pânico. O melhor sentimento para descrever o que os torcedores passavam por ali. Aos 46 minutos o sonho nunca esteve tão perto de terminar. Leonardo Silva cometeu pênalti em Aguilar.

Nascia um santo no Horto.

Silêncio na Arena Independência era incrível. Todos com um filme na cabeça. Podia ser filmes diferentes, mas na cabeça de um atleticano naquele estádio se passava algum filme, alguns foram embora chorando antes da cobrança, outros queriam ir embora mas algo os prendia naquele estádio de futebol. Pessoas choravam, pessoas viravam de costas para não ver o lance, somente presenciar. Será que o Atlético seria eliminado? Será que a invencibilidade do Horto chegaria ao fim? Será que o sonho teria um término? Tudo isso era decifrado em um simples silêncio.

Riascos, que tinha tomado a bola de Arce que realizaria a cobrança sob o mando do técnico Antonio Mohamed, foi para a cobrança. Victor que nunca havia defendido um pênalti com a camisa do Atlético tinha a responsabilidade de manter a chama de um sonho de uma torcida apaixonada nas suas mãos. Mas foram os pés, para ser mais exato o pé esquerdo que deu o alívio para a torcida alvinegra.

Riascos partiu para a cobrança chutou no meio, e Victor, que já estava caindo para o lado direito, levantou a perna esquerda defendendo a bola do jogador do time rubro-negro. O Independência estava tremendo nesse momento. O Atlético segurou o resultado e se classificou, de forma dramática, para as semifinais.

Mais sofrimento, desta vez, na Argentina.

O Atlético enfrentava um time que tinha um trio mágico. Figueroa, Maxi Rodriguez e Ignácio Scoco. Veio o Newell’s Old Boys da Argentina para cima do Galo. Em Rosário, o Galo começou outro drama para sua torcida.

Com gols de Maxi Rodriguez e Scoco, o Atlético foi derrotado na Argentina por 2 a 0. O Galo apostava novamente no Horto para chegar ao seu sonho. Ronaldinho saiu de campo afirmando “se tivermos que deixar sangue lá (no Horto), nós vamos deixar!”.

Santo aparece novamente no Horto e um desacreditado entra na história do clube.
 
Novamente a história ficou para ser decidida no palco predileto dos torcedores do Galo, o Horto. Com três minutos o Galo abriu o placar com Bernard em um primeiro tempo que duraria 54 minutos.

No segundo tempo, o Galo não conseguia envolver os argentinos e algo aconteceu. As luzes se apagaram no Horto. Cuca teve tempo para organizar seu time e conseguiu. Guilherme, que havia entrado no lugar de Diego Tardelli, fez um gol aos 50 minutos e 17 segundos. Lembra-se daquela mística do 13? 5 + 0 + 1 + 7 = 13.

A partida foi para os pênaltis e novamente mais sofrimento. Jô e Richarlyson erraram os pênaltis para o Galo, mas o Newell’s também estava nervoso. Casco e Cruzado também erraram para os argentinos.
 
Ronaldinho marcou o gol e as responsabilidades da grande final da Libertadores estavam nas mãos de Victor e nos pés de Maxi Rodriguez. O São Victor do Horto apareceu novamente e pulou no canto esquerdo defendendo a cobrança do argentino.


SIM O GALO ESTAVA NA FINAL DA LIBERTADORES APÓS 105 ANOS DE HISTÓRIA!

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