6 de fev. de 2011

ATÉ QUANDO?


João Vitor e Bruno Santana,
de Belo Horizonte.


É a pergunta que nos fazemos a tempos. É realmente impressionante o número de incidentes ocorridos envolvendo interesses futebolísticos e violência. O fato acontece, todos se dizem chocados, mas se omitem. Como sempre, os vândalos "fazem e acontecem". E o poder público assiste. E assiste de camarote, literalmente, diga-se de passagem.


Apenas citaremos alguns fatos ocorridos recentemente, para exemplificarmos um pouco mais o tema abordado.


1º) No dia 27 de Novembro de 2010, uma briga entre torcedores da Máfia Azul e da Galoucura, deixou um morto e um ferido com gravidade nas imediações do Chevrolet Hall, na avenida Nossa Senhora do Carmo, na Zona Sul de Belo Horizonte. Otávio Fernandes, de 19 anos, morreu no local depois de ser golpeado na cabeça com vários objetos: placas, pedaços de madeira e um cavalete de ferro. Flávio Celso da Silva, 35 anos, sofreu traumatismo craniano. A confusão aconteceu durante a realização do 3º MMA Fight Brasil, evento de luta livre disputado por atletas de Minas Gerais. Segundo testemunhas, os ônibus da Máfia Azul passavam em frente ao local em direção ao Rio de Janeiro, onde o Cruzeiro iria jogar no domingo seguinte contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, quando um deles resolveu parar. Os torcedores cruzeirenses desceram e começaram a cantar hinos do time. Provocados, os atleticanos saíram e partiram para a briga.


2º) No dia 11 de Janeiro de 2011, uma terça-feira à noite, um conselheiro do Cruzeiro, Antônio Pereira Kadeca da Silva Filho, de 53 anos, foi morto a tiros no Bairro Bonfim, Região Noroeste de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar, o crime aconteceu na Rua José Ildeu Gramiscelli. Antônio Pereira, que também era presidente do Sindicato das Entidades Filantrópicas, foi morto com sete tiros dentro do carro dele. Testemunhas contaram à polícia que o assassino é negro, alto e estava com a camisa da Torcida Organizada Galoucura. Ao todo, o autor disparou 13 vezes contra a vítima.


3º) No dia 05 de fevereiro de 2011, à uma semana do clássico entre Atlético e Cruzeiro, uma briga entre “torcedores” das duas equipes mobilizou a Polícia Militar. Segundo a PM, um tumulto generalizado entre os torcedores aconteceu por volta das 17h, na Avenida Presidente Carlos Luz, altura do Bairro Caiçara, no primeiro piso do Shopping DelRey, na Região Noroeste de BH.

A Polícia informou que três pessoas ficaram feridas na confusão, entre elas uma mulher, uma criança e o segurança do centro de compras. Ao tentar separar a briga, o vigia quebrou o dedo. A assessoria do shopping, no entanto, informou que apenas o vigilante saiu ferido. Ainda de acordo com a PM, as pessoas que se machucaram foram encaminhadas para os hospitais Odilon Behrens e Alberto Cavalcanti.

Informações preliminares dão conta de que dois dos atleticanos, envolvidos na confusão deste sábado, seriam integrantes da Galoucura indicados pela morte do torcedor Otávio Fernandes. Eles são acusados de participar de uma briga em novembro do ano passado na Savassi (citada no primeiro ítem), Região Centro-Sul de BH. Os dois homens foram soltos depois de cumprir prisão temporária de 30 dias.


Atitude correta?


No dia 3 de Dezembro, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), suspendeu até abril de 2011 as torcidas organizadas Grêmio Recreativo e Cultural Torcida Organizada Máfia Azul e Cru-Fiel da Floresta, Grêmio Cultural e Recreativo Torcida Organizada Galoucura e Grêmio Recreativo Esportivo Cultural Torcida Organizada Pavilhão Independente. As agremiações devem cumprir uma medida educativa por 120, com possibilidade de prorrogação.

As torcidas não poderão utilizar faixas, bandeiras, instrumentos musicais ou qualquer outro tipo de apetrecho que possam identificá-las. A exceção são as camisas, que podem ser usadas normalmente. A medida, que começa a vigorar neste fim de semana, terá que ser cumprida em qualquer estádio de Minas Gerais ou fora do Estado.
A decisão foi tomada durante reunião com representantes do MP-MG, da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG), da Federação Mineira de Futebol (FMF), da Comissão de Monitoramento da Violência em Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec) e das torcidas organizadas. Advogados das respectivas torcidas também participaram da reunião.
Fonte: Jornal Estado de Minas


De mês em mês voltamos à velha discussão: Há de se acabar com as denominadas "Torcidas Organizadas"? Geralmente, os que discordam disso vêm com argumentos do tipo: "Mas elas tem um papel social, promovem campanhas de doação de sangue, alimentos e blá blá blá ..." . Ok, todo argumento tem de ser respeitado, desde que se baseie em fatos concretos. Mas, na maioria das vezes, todas as "ações sociais", são promovidas para desviar o foco, fachada.


Enquanto essas ações acontecem, grande parte da imprensa esquece que esses mesmos membros que hoje estão se passando de seres dóceis e colaboradores com o próximo necessitado, ontem mesmo participaram de confusões generalizadas e mataram alguns que, talvez, não tem nada a ver com o ocorrido. Digo talvez porque, citando apenas como exemplo esse caso do torcedor do Cruzeiro morto, ele estava lá no meio porque queria. Não estou dizendo que justifica, longe disso e evidente que não.


O grande problema de nosso país é que há uma política de favorecimento à bandidos. Eles matam, são presos por uma semana, pagam o famoso “serviço comunitário” ou cestas básicas, e são liberados. Voltam às ruas, cometem os mesmos crimes e isso tudo vira um grande ciclo.


Mas, se lembram quando dissemos acima que “o poder público assiste de camarote”? Esses caras assistem jogos nos camarotes, vão embora em seus carros blindados e seus oitocentos seguranças. Diferentemente de um pai de família que, vai ao campo em ônibus completamente lotado, assiste ao jogo na arquibancada, do lado de pessoas consumindo drogas em pleno estádio, e não podem fazer nada.


É triste, mas digo-lhes que, a minha família e eu (João Vitor), nos afastamos dos estádios por medo. Não só a minha, mas muitas outras.


A solução? Educação a longo prazo, para que não se precise punir no futuro. É muito mais rentável ao governo construir escolas do que penitenciárias. Mais mão-de-obra, mais gente honesta para trabalhar. Mas não se pensa isso. Se pensa apenas em prender e matar a esses coitados, como essa carnificina que se viu no Rio de Janeiro há pouco. Tristeza predominando, mas infelizmente, foi a solução encontrada por eles.


O que foi feito de punir torcidas suspendendo as próprias foi certo sim na minha opinião (Bruno Santana). O jeito é punir até que os “torcedores” tomem consciência do que estão fazendo, e parem de procurar brigas em shoppings, ruas e estádios.
Por que Europeus não invadem campo em estádios que nem possuem muros e grades de contenção? Porque sabem que a punição nesses casos são severas, não possuem a famosa “ação social” ou fiança. Se você foi punido, você terá de cumprir a sua pena.


Vamos dar um exemplo: aqui no Brasil, antigamente, torcedores atiravam objetos em campos. O que foi feito? O time do torcedor que atirou o objeto em campo perde o mando de partidas, se o torcedor for identificado isto não acontecerá. Não estou discutindo se a atitude foi certa ou não, porque pode ser até injusto punir um clube de futebol por uma atitude que ele não fez. Mas há uma punição, ela é severa e diminuiu bastante o caso de torcedores atirando objetos em campo durante os jogos.


Esse é um dos motivos para o acontecimento da elitização do futebol, que se vê atualmente. Ingressos a preços absurdos, produtos vendidos internamente também  nos estádios a preços absurdos. Não entrarei no mérito da discussão sobre se é certo ou errado. Mas, é uma ação para retirar vândalos dos estádios.


Quantos casos a mais teremos que presenciar até que algo seja feito? Até quando teremos que aguentar isto?


E, como já disse aqui, retomo a pergunta. Num país em que nem educação digna e segurança se tem, pode-se cediar uma Copa do Mundo? Lamentável.


Um abraço a todos,


Bruno Santana e João Vitor.
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Uma parceria entre o Boleiros da Arquibancada (http://boleirosdaarquibancada.blogspot.com) e o Geral das Alterosas (http://geraldasalterosas.blogspot.com

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