Hoje, dia 26 de julho de 2010, comemoraria 80 anos um homem que distribuiu emoções. Fez a tristeza dos adversários e às vezes de quem ele menos queria fazer triste, afinal, faz parte da profissão, porém levou muito mais alegria onde passou por ser um profissional exemplar, competente e vencedor.
Mineiro de Itabirito, Telê Santana era chamado de "Mestre". Não à toa. Telê é considerado por muitos o melhor treinador da história do futebol. Em votação realizada nos anos 90 pela revista Placar, foi eleito por jogadores, ex-jogadores, técnicos e jornalistas como o maior técnico da história da Seleção Brasileira.
Linha dura, mas grande conhecedor do futebol, Telê tinha fama de ser perfeccionista e gostava do futebol ofensivo. No entanto, foi o inovador de uma nova tática no futebol, ao menos em relação ao brasileiro, quando passou a jogar com apenas 2 atacantes na seleção, em 82. Na época, as equipes e a Seleção Brasileira jogavam quase que exclusivamente com dois pontas e um centro-avante.
Já que falamos de Seleção e inovação, vamos falar das duas participações de Telê em Copas.
"Nos lapidou para a vida. Como atleta e como homem também." Cerezo, ex-volante da Seleção.
A primeira foi em 82, justamente quando inovou, como disse anteriormente, tirando o ponta-direita e deixando o ataque do Brasil com Éder (ponta-esquerda) e Serginho (centroavante). Por isso, o Mestre foi fortemente criticado por cronistas e torcedores que em sua maioria eram e ainda são conservadores. Mas isso não o abalou. Seguiu firme com seu conceito que, apesar de parecer, não fez com que a equipe perdesse poderio ofensivo, já que tinha em seu meio de campo craques da bola que faziam chegar redondinha ao ataque sem grandes esforços.
A Seleção jogava e encantava! O Brasil campeão parecia ser algo inevitável, mas o futebol é imponderável e pode punir até mesmo quem o faz bem. O Brasil tinha pela frente a seleção italiana que vinha abalada com problemas internos e também um tal de Paolo Rossi que fora chamado pra Copa em cima da hora, mas providencialmente. Paolo marcou três gols e eliminou a Seleção Canarinho num Sarriá verde e amarelo.
"A perda da Copa de 82, fez com que o futebol, talvez, não seguisse esse rumo do Telê que era um futebol mais bonito, mais clássico, mais técnico, mais 'pra frente'." Éder Aleixo, ex-ponta esquerda da Seleção.
Mesmo com a relação ruim com os torcedores e com a imprensa, Telê Santana foi o escolhido pra Copa seguinte à que havia sido derrotado. Em 86, o Brasil foi eliminado pelos franceses sem, sequer levar um gol em toda a competição. Foram em 5 jogos, 4 vitórias e 1 empate por zero a zero contra a França, que levou a decisão pros penais onde fomos derrotados.
"Se teve um treinador que merecia ter tido a sorte de conquistar um ttítulo mundial, esse treinador é o Telê. Pelo que ele fazia pro futebol, pelo que ele gostava do futebol." Zico, ex-camisa 10 do Flamengo e da Seleção.
Não deu outra! Telê foi rotulado de pé frio. Para dar a volta por cima resolveu voltar às origens. Após a Copa Telê retornou ao Atlético, segunda equipe de sua carreira, e deu ao clube o maior título de sua história: o Brasileiro de 1971. No ano seguinte à chegada em Minas o Mestre conquistou o campeonato regional. Antes do Galo, Telê foi treinador do Fluminse, clube em que passou maior parte da carreira como jogador e era conhecido como "Fio de Esperança" por entrar no fim dos jogos e, em várias oportunidades marcar o gol da salvação do tricolor. Na verdade, o apelido foi dado por um leitor do Jornal dos Sports num concurso em que queriam alcunhar o jogador. Mas o folclore da história anterior pegou e não poderia passar em branco.

"O futebol foi um veículo utilizado por ele pra atingir todos os segmentos do país, na forma de comportamento honrado, de comportameto reto que norteou toda a vida dele". Fernando Casal De Rey, ex-presidente do São Paulo

É certo que Telê brilhou muito mais como técnico do que como jogador, mas como um bom ponta-direita, foi campeão carioca de juvenis de 49 e 50, campeão carioca de 51 e 59, camepão da Copa Rio de 52, campeão do Torneio Início de 54 e 56, além do Torneio Rio-São Paulo de 57 e 60.
Simplesmente um dos maiores desportistas de todos os tempos e não poderíamos deixar passar em branco uma data tão especial pro esporte, mas principalmente pro futebol mundial. Valeu, Telê!
Matheus de Oliveira
oliveirasouza.math@gmail.com
@math_souza
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