26 de jul. de 2011

VALEU, TELÊ!

Hoje, dia 26 de julho de 2010, comemoraria 80 anos um homem que distribuiu emoções. Fez a tristeza dos adversários e às vezes de quem ele menos queria fazer triste, afinal, faz parte da profissão, porém levou muito mais alegria onde passou por ser um profissional exemplar, competente e vencedor.
Mineiro de Itabirito, Telê Santana era chamado de "Mestre". Não à toa. Telê é considerado por muitos o melhor treinador da história do futebol. Em votação realizada nos anos 90 pela revista Placar, foi eleito por jogadores, ex-jogadores, técnicos e jornalistas como o maior técnico da história da Seleção Brasileira.
Linha dura, mas grande conhecedor do futebol, Telê tinha fama de ser perfeccionista e gostava do futebol ofensivo. No entanto, foi o inovador de uma nova tática no futebol, ao menos em relação ao brasileiro, quando passou a jogar com apenas 2 atacantes na seleção, em 82. Na época, as equipes e a Seleção Brasileira jogavam quase que exclusivamente com dois pontas e um centro-avante. 
Já que falamos de Seleção e inovação, vamos falar das duas participações de Telê em Copas.

"Nos lapidou para a vida. Como atleta e como homem também." Cerezo, ex-volante da Seleção.

A primeira foi em 82, justamente quando inovou, como disse anteriormente, tirando o ponta-direita e deixando o ataque do Brasil com Éder (ponta-esquerda) e Serginho (centroavante). Por isso, o Mestre foi fortemente criticado por cronistas e torcedores que em sua maioria eram e ainda são conservadores. Mas isso não o abalou. Seguiu firme com seu conceito que, apesar de parecer, não fez com que a equipe perdesse poderio ofensivo, já que tinha em seu meio de campo craques da bola que faziam chegar redondinha ao ataque sem grandes esforços. 
A Seleção jogava e encantava! O Brasil campeão parecia ser algo inevitável, mas o futebol é imponderável e pode punir até mesmo quem o faz bem. O Brasil tinha pela frente a seleção italiana que vinha abalada com problemas internos e também um tal de Paolo Rossi que fora chamado pra Copa em cima da hora, mas providencialmente. Paolo marcou três gols e eliminou a Seleção Canarinho num Sarriá verde e amarelo.

"A perda da Copa de 82, fez com que o futebol, talvez, não seguisse esse rumo do Telê que era um futebol mais bonito, mais clássico, mais técnico, mais 'pra frente'." Éder Aleixo, ex-ponta esquerda da Seleção.
Mesmo com a relação ruim com os torcedores e com a imprensa, Telê Santana foi o escolhido pra Copa seguinte à que havia sido derrotado. Em 86, o Brasil foi eliminado pelos franceses sem, sequer levar um gol em toda a competição. Foram em 5 jogos, 4 vitórias e 1 empate por zero a zero contra a França, que levou a decisão pros penais onde fomos derrotados.

"Se teve um treinador que merecia ter tido a sorte de conquistar um ttítulo mundial, esse treinador é o Telê. Pelo que ele fazia pro futebol, pelo que ele gostava do futebol." Zico, ex-camisa 10 do Flamengo e da Seleção.

Não deu outra! Telê foi rotulado de pé frio. Para dar a volta por cima resolveu voltar às origens. Após a Copa Telê retornou ao Atlético, segunda equipe de sua carreira, e deu ao clube o maior título de sua história: o Brasileiro de 1971. No ano seguinte à chegada em Minas o Mestre conquistou o campeonato regional. Antes do Galo, Telê foi treinador do Fluminse, clube em que passou maior parte da carreira como jogador e era conhecido como "Fio de Esperança" por entrar no fim dos jogos e, em várias oportunidades marcar o gol da salvação do tricolor. Na verdade, o apelido foi dado por um leitor do Jornal dos Sports num concurso em que queriam alcunhar o jogador. Mas o folclore da história anterior pegou e não poderia passar em branco.

Além de Atlético e Fluminense, Telê trabalhou como treinador no Grêmio, no Al Ahly e no São Paulo. No tricolor paulista o Mestre conquitou apenas dois Mundiais Interclubes, em 92 e 93, as Libertadores destes mesmos anos, duas Recopas Sul-Americanas, em 93 e 94, além do Brasileiro de 91 e dos Paulistas de 91 e 92. Apenas.

"O futebol foi um veículo utilizado por ele pra atingir todos os segmentos do país, na forma de comportamento honrado, de comportameto reto que norteou toda a vida dele".  Fernando Casal De Rey, ex-presidente do São Paulo

Se dando bem nos tricolores, sua passagem pelo Sul não poderia passar em branco. E não passou, foi campeão do Gaúcho de 77. No exterior conquistou o Campeonato Árabe em 83, a Copa do Rei Árabe em 84 e a Copa do Golfo em 85, pelo Al Ahly. 

É certo que Telê brilhou muito mais como técnico do que como jogador, mas  como um bom ponta-direita, foi campeão carioca de juvenis de 49 e 50, campeão carioca de 51 e 59, camepão da Copa Rio de 52, campeão do Torneio Início de 54 e 56, além do Torneio Rio-São Paulo de 57 e 60.

Simplesmente um dos maiores desportistas de todos os tempos e não poderíamos deixar passar em branco uma data tão especial pro esporte, mas principalmente pro futebol mundial. Valeu, Telê!

Matheus de Oliveira
oliveirasouza.math@gmail.com
@math_souza

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